segunda-feira, 18 de abril de 2011

Seu parceiro confia na desintegração do tecido, no Triângulo das Bermudas, na sucção dos objetos pelos gnomos...

Meninas e Meninos!!! Bom dia!!! Hoje segundinha, a semana vem curta e espero que passe rápido!! #oremos Texto de hoje do Carpinejar!! Adoro!!!! Meio que responde o meu "Sobre defeitos e erros" que eu termino falando que não gostava das cuecas de um certo alguém!!


CUIDADO COM AS MINHAS CUECAS, por Carpinejar

Complicado testemunhar um homem trocando de roupa, indeciso com suas opções, dando meia-volta no quarto, suplicando “só um minutinho, amor”. Ele escolhe um conjunto de cara e não se arrepende. Voltará somente sob pressão popular ou por problemas técnicos, se realmente alguma peça não serve, a camisa está manchada, caiu um botão ou a calça arrebentou a braguilha.

Não há nenhum dano neste comportamento. Revela sua vontade imperiosa de não ser cobrado pela aparência. Põe o desleixo na conta da pressa.

O que tem sérias consequências no comportamento masculino é o descaso com as cuecas. Já é piada que homem somente compra quando tem uma amante.

Mas a calamidade temperamental não está em comprar ou não, mas em nunca jogar fora. Olhe a gaveta do seu namorado ou marido, é natural encontrar cueca de quando ele tinha oito anos. Um pouco mais e acharia fraldas. Seu parceiro confia na desintegração do tecido, no Triângulo das Bermudas, na sucção dos objetos pelos gnomos.

Tanto que é um elogio chamar de gaveta a própria gaveta, refere-se a um museu de pano. Uma caixinha de cueiros, com espécimes descoloridas, puídas, esgarçadas, autênticos sudários da sexualidade. Nem precisa perguntar sobre seu passado, ele está intacto no armário. O marmanjo joga ali e esquece. Não se despede de nenhuma intimidade, sempre abandona.

Não propõe uma faxina ou uma limpa, não reconhece a cueca como vestimenta, é uma fatalidade. Seu desejo é voltar a ser Adão com folhas de parreira. Não toma esta atitude primitiva porque a planta revelaria o tamanho do seu documento.

Ele sequer dobra o tecido, como a mulher empreende sutilmente com a calcinha. Não busca o capricho da coleção. Não estende ao artigo o refinamento do mulherio com a peça de cima. Uma cueca é amassada, enfiada de qualquer jeito. Já o sutiã dorme de conchinha com as duas alças encaixadas.

Homem nem supõe o preço, não guarda nota, não reclama do valor. É o raro produto que não pechincha. Compra em saquinhos de cinco ou seis, para se livrar da tarefa. Arrebata o varal inteiro numa promoção. Não analisa a costura, não se submeterá a experimentar em loja. Nenhum macho testa cueca em provador, é quase um rebaixamento moral. Compra em segundos para pensar no assunto seis meses depois, evidente que nunca por iniciativa própria, mas para se defender das críticas. Mulher já renova a lingerie e, simultaneamente, lança as antigas no lixo, curada do dó e da piedade.

Tamanha sua indiferença, o homem somente descobre a cueca que vestiu no final do dia ou no momento de transar. No baú de inutilidades, se as menos gastas estão lavando, o varão toma a primeira da fileira de cima. Não confere os modelitos, apanha o tecido pela cor. Ele nunca estranhará o sumiço de uma, pois sequer registrou sua chegada. Algo inadmissível para a ala feminina, que prefere sair sem nada a contrair juros da deselegância.

O hábito pode resumir um desprezo, uma avareza emocional ou uma dependência materna. Que as patroas nos perdoem, a cueca é nossa única humildade.

^^

2 comentários:

  1. Tata , você é formidável , não tinha conhecido uma pessoa assim como você , sua escrita irretocável!!!

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  2. Oie Felipe!!! Obrigadinha, mas esse texto não é meu!! é do Carpinejar!! Amo de paixão!! Mas tem texto meu ai no blog!!! Fica a vontade!!!

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