segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Porra Maurício! Porra Gustavo Lima! Porra Nando Reis! Porra Tchaikovsky! Porra Charles Perrault!

Meninas e Meninos! Bom dia!!!! Voltando de BH num teco teco barulhento (mas a viagem é bacana, curtinha... me sinto naquelas maquetes que fazia quando estudava no ENSF) e enquanto lia Barthes e conversava com uma mocinha de uns 7 anos que estava sentada na poltrona do lado me peguei pensando em música! Isso acontece com frequência. Trabalho em duas rádios e ouço musica o dia todo. Elas entremeiam meus pensamentos, bagunçam, atrapalham e inspiram!
E assim, surgiu o post de hoje que não comecei a escrever hoje, confesso! Estou enferrujada e admito! Foi difícil... mas está aí. Espero que gostem, se identifiquem... ou simplesmente, se irritem! O importante é ter alguma reação!!!


" Mas espera que eu tô chegando, tô levando
Rosas, versos e vinhos
Me espera que tô chegando, tô voltando
Seja no tempo que for eu só quero esse amor ..."

"Desculpe
Estou um pouco atrasado
Mas espero que ainda dê tempo
De dizer que andei
Errado e eu entendo..."

"o meu amor foi embora e só deixou pra mim
um bilhetinho todo azul com seus garranchos
Que dizia assim "Chuchu vou me mandar!"
é eu vou pra Bahia talvez volte qualquer
dia..."


Porra Maurício! Porra Gustavo Lima! Porra Nando Reis!
Porra Tchaikovsky! Porra Charles Perrault!
Quantas vezes eu esperei.
Quantas vezes as minhas amigas esperaram.
Quantas vezes as amigas da minha mãe esperaram.
Quantas vezes conjugamos o verbo esperar apenas na primeira pessoa do singular.
"Eu espero"
"Eu espero"
"Porque estou esperando?"
"Tem quanto tempo que eu espero?"
A gente esperou porque era importante e pronto!
Porque fazia diferença.
Esperamos pois acreditamos que era especial.
Mas, por que em algumas vezes parecia que as coisas só eram urgentes pra nós?
As coisas só eram importantes só pra nós.
Os adiamentos só faziam diferença para nós, e para nossas amigas.
Que por mais uma tarde ouviam lamurias fazendo ouvido de mercador.
Porque a raiva, o odio, o rancor era só por mais 5 minutos ou 5 dias.
Que todas as promessas de vida nova não durariam nem de perto o tempo da espera.
Que o prazo para desistência ou troca da mercadoria duraria menos que 30 dias e voltariam para a resistência.
Como numa guerra!
Gastando as forças que já nem tinham, para esperar!
Esperar gasta energia.
Esperar causa ansiedade.
Esperar sem saber se vão voltar ou melhorar é castigante.
Esperar sem saber ao certo se ao que estamos ali amarradas ao toco é o certo.
Esperar sabendo que no fundo somos as únicas pessoas que acreditam naquilo.
Mas fazer o que?
Nossos corações não são bancos para cobrar juros altíssimos por atrasos.
Não são carnês para mandar seu nome para o SPC.
Nós não somos princesas para ficarmos dormindo por 100 anos esperando que o príncipe venha nos acordar.
Nós somos de verdade!
De carne e osso!
Nós ficamos velhas, ficamos com rugas, choramos, usamos cremes ao redor dos olhos que não são nenhum pouco baratos.
Poxa vida! Nós somos meninas.
Se saímos não estamos com saudades.
Se ficamos em casa inventam que estamos na rua e com outro.
Se corremos para a casa da mãe somos imaturas.
Se sofremos ao ignorar vocês somos pessoas ruinzinhas.
Se somos obedientes aos pais somos, simplesmente, infantis.
Isso não é conto de fada!
História em quadrinho!
E pensando bem...
Na vida real ônibus não esperam!
Aviões não esperam!
Navios não esperam!
Vestibular não epera!
Relógio não espera!
O tempo não espera!
Mas talvez vocês só demorem porque sabem que a gente espera!
Mas da próxima vez que demorar.
Da proxima vez que as coisas forem urgentes apenas pra mim!
Importantes apenas pra mim!
Irrelevantes somente pra mim!
Eu não vou deixar um bilhetinho azul dizendo pra onde eu vou.
Não vou tomar gotinhas de rivotril para tentar dormir como a Bela Adormecida.
Eu não sou um texto pra ficar guardado na gaveta esperando para ser compreendido, admirado sei lá quando. Sei lá em que em década ou século.
Da proxima vez que demorar.
Vou mandar o carro de som passar na porta da sua casa, do seu emprego e de sei lá mais aonde e mandar dizer que morri afogada.
Vou mandar dizer que cansei de nadar contra a correnteza.
Vou mandar dizer que morri vendo a praia lá longe.
Vou mandar dizer que não consegui esperar você vir me buscar no seu tempo na sua hora.
Eu não sou egoísta.
Eu só precisava de você naquele momento, naquele lugar.
Eu precisava de você do meu lado.
Eu sei nadar!
Mas to cansada!
Não tenho mais forças.
Eu sei que hoje vejo germinar as sementes que um dia eu plantei.
Mas talvez eu queira de mais.
Talvez hoje eu quisesse uma árvore frondosa para me agarrar.
Talvez eu quisesse uma colheita farta.
Mas eu continuo vendo só a sementinha.
Ela está germinando.
Eu fico feliz.
Mas está longe de ser o que eu preciso agora.
Está longe de ser a segurança que eu queria agora.
Está longe de ser o que eu mereço agora!
Tá demorando!
Tá doendo!
Eu sei que eu tentei!
Eu sei que eu fiz de tudo!
Eu sei que fiz a minha parte!
E por causa disso vou mandar dizer que desisti de acreditar no seu amor atrasado, desastrado, desconjuntado às vezes desalmado.
Agora, pede desculpa pra água, pro tempo, pro vento... pra mim e pra você por ter acordado tarde de mais.

^^